A PARÁBOLA DO SERVO LEAL E DO INFIEL
Lucas 12:35-48; Marcos 13:35-37
"Estejais prontos para servir, e conservai acesas as vossas candeias.
Sede vós semelhantes aos servos, quando esperam seu senhor voltar de um banquete de casamento; para que, assim que chegar e anunciar-se, possais abrir-lhe a porta sem demora.
Felizes aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes; com toda a certeza vos asseguro que Ele se vestirá para os servir, fará que se reclinem ao redor da mesa, e pessoalmente irá ao encontro deles para servi-los.
Ainda que Ele chegue durante a alta noite ou ao raiar do dia, bem-aventurados os servos que o senhor encontrar preparados.
Compreendei, entretanto isto: se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o assaltante, não permitiria que a sua casa fosse invadida.
Ficai também vós alertas, pois o Filho do homem virá no momento em que menos o esperais.
Então, Pedro indagou: 'Senhor, estás propondo esta parábola para nós ou para todas as pessoas?'
Ao que o Senhor lhe asseverou: 'Quem é, portanto, o administrador fiel, que age com bom senso, a quem seu senhor encarrega dos seus servos, para ministrar-lhes sua porção de alimento no tempo devido? Feliz o servo a quem o seu senhor surpreender agindo dessa maneira quando voltar.
Asseguro-vos que Ele o encarregará de todos os seus bens.
Todavia, imaginai que esse servo pense consigo mesmo: 'Meu senhor tarda demais a voltar', e por isso comece a agredir os demais servos e servas, entregando-se à glutonaria e à embriaguez.
Entretanto, o senhor daquele servo voltará no dia em que ele menos espera e num momento totalmente imprevisível e o punirá com todo o rigor e lhe condenará ao lugar dos infiéis.
Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem age para agradá-lo, será castigado com extrema severidade.
Contudo, aquele que não conhece a vontade do seu senhor, mas praticou o que era sujeito a castigo, receberá poucos açoites.
A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais ainda será requerido".
COMENTÁRIOS BÍBLIA KING JAMES
O versículo 35 é um resumo da parábola das dez virgens (Mateus 25). Algumas versões trazem a frase "cingido esteja o vosso corpo", optando, nesse caso, por uma tradução mais literal do original. Essa expressão tem a ver com o antigo costume oriental de amarrar as longas vestes à altura da cintura, a fim de possibilitar, em caso de necessidade, uma movimentação mais livre e acelerada. Jesus, por certo, fez uma alusão ao fato dos cristãos deverem estar sempre prontos para servir, livres de qualquer embaraço (1 Pedro 1:13).
O Senhor continuará a ser o grande provedor dos seus servos que se mantiverem "vigilantes", "despertos", "preparados", "prontos", em contraste com os que estão "dormindo (mortos) em pecados" (Efésios 5:14; 1 Tessalonicenses 5:10). A morte e o glorioso retorno estão sempre iminentes. As exigências do reino (atenção, prontidão, vigilância) são relevantes tanto para os que morrem antes do Juízo como para os que estarão vivos naquele grande dia.
O "assaltante" é aquele que vem de sobressalto, repentinamente e surpreendendo a todos. Não há tempo para se preparar, é preciso viver em condição de prontidão, pois a qualquer momento se dará o "assalto". Esse era um meio de comunicar o estado de alerta espiritual aos judeus cristãos, haja vista que o povo judeu sempre viveu - e vive - em estado de contínua atenção e vigilância em relação aos ataques inimigos (Lucas 21:34; 1 Ts 5:2; 2Pedro 3:10; Apocalipse 3:3, 16-15).
Tanto as honrarias quanto os castigos, segundo o mérito pelo procedimento de cada um, não aguardam somente os apóstolos; mas a todos os servos do Senhor que viverem no intervalo histórico entre a ascensão e o glorioso retorno de Jesus Cristo. Quanto maiores os privilégios, mais severa será a punição dos infiéis e incrédulos (Romanos 2:12-16).
O galardão pela fidelidade em cumprir a vontade do Senhor será "honra" e "responsabilidade" ainda maiores. Os crentes e líderes cristãos que levam uma via sem disciplina no presente, enfrentarão a ira de Deus (Mateus 7:15-27).
Jesus estabelece um contraste entre os líderes irresponsáveis e os demais cristãos, mal instruídos (que se permitem viver sob a direção do egoísmo, da arrogância e que duvidam das promessas gloriosas); todos receberão o justo castigo no tribunal de Cristo (2Co 5:10). Certamente haverá um castigo para aqueles que deixam de cumprir seu dever. A responsabilidade recai sobre aqueles que muito receberam (Amós 3:2). As pessoas não serão castigadas apenas pelo mal que praticaram, mas também pelo bem que deixaram de fazer (Tiago 4:17). O fato de não conhecer a Palavra ou a ignorância não podem ser usados como desculpa para evitar a punição futura, pois não existe ignorância moral absoluta (Romanos 1:20; 2:13, 15), e nossa ignorância faz parte de nosso pecado.